Tem dias que você sabe que vai
acabar chorando, desmoronando.
Você se sente insuportável.
Tudo começa bem e algo em
algum momento muda tudo.
De repente tudo é impacto e os
reais impactos triplicam de tamanho.
Você se sente fraca, insegura.
Percebe que o mundo é grande e você não é nada, não sabe de nada.
Não consegue nem fazer um parágrafo
com mais de três linhas.
Se rende ao mau humor. São
como recaídas na depressão.
E o choro não é mais um canto,
um alívio. Tampouco o grito e a chuva.
Tudo o que ajuda é escrever e
torcer para ninguém ler o que você põe a mostra e, ironicamente, o que você quer
pôr a mostra. Afinal, não deixa de ser um texto seu.
E você fica ao avesso. Quase sem
figuras de linguagem e pequenos mistérios que deixam os leitores coçarem a
cabeça ou franzirem a testa.
Tenta até dar um jeito de usar
a 3ª pessoa para disfarçar seu singular momento. Mas não adianta, qualquer um
percebe claramente como está, conhecendo-te ou não. Você está a mostra.
E tudo porque tudo vem como
uma enorme onda.
Tudo sempre tão intenso.
Ah, amor...
Ah, saudade...
Ah, grosseria gratuita...
Ah, ciúmes besta...
Tudo precisa vir. Até a raiva.
Se não há motivos, arruma-se.
E a onda passa, destrói e você
fica.
O dia seguinte será como uma
grande ressaca. Tenta lembrar-se do que fez ou disse e na maioria das vezes,
claro, se arrepende.
Torce por nenhum dano e volta
ao mar. Deixa-se levar pelos humores que tanto afetam seu coração intenso, vulcânico.
Se alguém perguntar, explica:
-São os hormônios – espero.